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A importância de desromantizar a maternidade


Para mulheres cis, a maternidade é colocada como o ponto alto da nossas vidas, aquilo que trará sentido e amor pleno. Mas será que todas as mulheres vivenciam a mesma experiência?


Quando falamos em maternidade, a ideia vendida é de que todos os momentos de sofrimento e angustia valem a pena por esse bem maior. E talvez isso seja verdade para algumas pessoas, mas não deveria ser colocado como uma regra.


A primeira vez que entrei em contato com o tema, foi através de um canal no youtube, na época chamado Hel Mother, onde a Helen estava falando sobre puerpério [link aqui]. Lembro de ficar, ao mesmo tempo, bastante chocada com o relato e muito curiosa pra entender um pouco mais sobre a maternidade.


Naquele momento eu entendi que a maternidade tinha muito do que não era dito, hoje esse tem sido um tema mais discutido, mas ainda precisamos caminhar bastante.


Dito tudo isso, qual a importância de desromantizar a maternidade? A importância é que isso gere menos sofrimento para as mulheres que se tornam/são mães. Essa visão romântica causa ainda mais medo, angústia e sofrimento nas mães que não conseguem viver essa "maternidade plena e bonita" onde tudo são flores. Além disso, também é importante respeitar mulheres que não querem ser mães, tirando esse lugar como único possível de felicidade plena.


Em 2020, eu fiz um trabalho pra uma disciplina da pós-graduação sobre violência obstétrica e, mais uma vez, foi chocante notar as violências que essas mulheres sofrem tão cedo no seu processo de maternar. Ao mesmo tempo que colocam a maternidade como a melhor coisa das nossas vidas, na realidade, é um lugar onde sofremos muitas violências dessa mesma sociedade. O parto é só o primeiro lugar, mas depois temos o impacto na vida profissional, na vida pessoal e na vida familiar.


Somos seres únicos e subjetivos, cada uma vai viver de um modo diferente. Talvez o seu parto seja lindo e como você sonhou, talvez seja extramamente desgastante, dolorido e frustrante. Talvez você consiga lidar bem com o puerpério, ter uma boa rede de apoio, talvez o puerpério seja solitário, deprimente e difícil.


Claro que estou forçando uma diferença entre extremos, entre algo que vai ser bom ou ruim, mas é mais complexo do que isso, pode ser bom e ruim ao mesmo tempo, ou só bom ou só ruim... a questão é, não existe receita certa para como você deve se sentir.


A maternidade já é um lugar de muitos deveres, de muitas coisas que precisam ser feitas da forma correta para esse novo ser humaninho. Mas ela não deve, de forma alguma, ser um lugar de repressão do seus sentimentos.


Se permita sentir o que está sentindo e compartilhe isso com pessoas que você se sente segura. Se achar necessário, busque ajuda profissional ou grupos de acolhimento para mães!


Você não precisa lidar com isso sozinha.

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